Dia mundial do livro
É
notório que já não conseguimos mais acompanhar os avanços tecnológicos.
Propagandas que enchem os lares oferecendo a mais recente versão de um celular,
netbook, notebook ou do iPad são veiculadas em sites e outros veículos de
informação diariamente, trazendo inúmeras informações e inovações
surpreendentes. Tecnologias que visam a satisfação do usuário, tentam atraí-lo
utilizando-se de estratégias de marketing com promessa de “respostas rápidas,
produtividade, segurança, capacidade de armazenamento excepcional,
processadores com excelente performance e eficiência, além de uma ampla gama de
possibilidades advindas do que há de mais atual na área da informática”.
Com
efeito, a informática tornou-se a galinha dos ovos de ouro do consumo. Mesmo
países atrasados, sem infra-estrutura básica em educação são proeminentes
mercados para o consumo dessas tecnologias. As indústrias culturais de consumo
insuflaram espetáculos pictóricos nos espaços midiáticos; tornaram-se
organizadores da sociedade e da vida cotidiana. O consumo aporta-se nas
tecnologias como um meio de promoção, reprodução, circulação e venda de
produtos, usando a multimídia para conquistar consumidores.
Porém, gostaria de falar do invento que revolucionou e
continua revolucionando a relação do homem com a tecnologia: o livro high-tech. Nossa história começa a partir da imprensa de Gutenberg, quando se tornou
possível, em todos os lugares, a divulgação de textos com a unificação da
língua, já que, até então, cada um escrevia e falava como ouvia. O livro high-tech é um produto intelectual
derivado de conhecimentos e expressões individuais e coletivas. Ele surgiu em
razão da escrita, que são códigos capazes de permitir a comunicação entre os
homens. O primeiro
exemplar dessa tecnologia foi a Bíblia em latim, o que representou, pela
primeira vez na história, o acesso a conhecimentos até então inacessíveis para
a maioria das pessoas.
Semelhantemente
aos seus concorrentes digitais de última geração, como e-book, o livro high-tech
é portátil e vem em diversos tamanhos e cores. Dependendo do usuário, suas
páginas digitais podem conter milhões de informações impressas e histórias que
poderão ser acessadas a cada toque e jamais perdidas ou deletadas
acidentalmente, a não ser que o leitor o jogue fora. Além disso,
semelhantemente aos seus concorrentes, ele possui espaço em cada página ou
arquivo para que o usuário possa fazer suas anotações e considerações. Desta
forma, ele poderá escrever ou reescrever ao seu modo e de forma criativa o
conteúdo acessado. O livro high-tech
possui capacidade de memória suficiente para relatórios, fotos, informações,
histórias e infinidades de anotações, que poderão ser armazenadas em um HD
protegido contra defeitos, a não ser que o usuário o faça passar pelo fogo,
como alguns já o fizeram. Tudo organizado em ordem alfa-numérica para facilitar
o acesso.
Mas,
diferentemente de seus concorrentes, a sua velocidade depende exclusivamente de
quem o usa e ele não precisa de manual para ser manipulado. Qualquer criança,
na mais tenra idade, poderá abri-lo e utilizá-lo. Já existem até alguns
fabricados especialmente para esse tipo de público, com figuras, fotos e até
gravuras em 3D. Ele dispensa o uso de bateria ou energia elétrica. É
autocarregável, por isso, sua autonomia de uso é infinita, dependendo, é claro,
do cuidado que se terá pelo seu hardware.
O
livro high-tech, ou simplesmente
livro, possui versões para pessoas cegas e com dificuldades visuais ou motoras.
Isto se chama inclusão! Seu material de fabricação é totalmente reciclável,
algo importante para aqueles que se preocupam com a preservação do meio
ambiente. Diferentemente de seus concorrentes, ele já provou que sua
durabilidade atravessa séculos. Desde Gutenberg, muitos homens e mulheres
fizeram uso dele para expor pensamentos e ideias que mudaram a história da
humanidade, proeza ainda bem longe de ser superada por seus seguidores.
Shakespeare, Cervantes, Victor Hugo, Newton, Machado de Assis, Einstein dentre
muitos outros, ainda podem ser visitados cotidianamente em todas as línguas e
versões por meio desse artefato contemporâneo de comunicação. Verdadeiramente,
trata-se de uma invenção com alta tecnologia.
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