Eugênio Cunha: Sucesso no Enem e na vida
30/01/2016 00:07:41
Os egressos das escolas públicas, que representam a maioria do alunado do Ensino Médio, passam a representar uma minoria no que tange ao acesso às universidades públicas
O DIA
Rio - Em tempos de Enem, é comum jornais noticiarem
acerca de estudantes que conseguiram excelentes notas ou foram aprovados com
louvor em diferentes vestibulares para universidades púbicas. São candidatos
que, por mérito e esforço, além do incentivo dos pais, alcançaram o sucesso
merecido. Para esses, há sempre a grande probabilidade da continuação dos
estudos, da conquista de bom emprego e de justa e promissora carreira.
No entanto, há uma geração de jovens que,
na maioria das vezes, passa despercebida. Diferentemente dos que aparecem na
mídia pelo êxito alcançado, esses estudantes ficam obscurecidos pelas
dificuldades de ingresso numa universidade pública. São jovens de baixa renda,
que trabalham enquanto estudam, vindos de escolas públicas.
Para esses, o Ensino Superior se
torna uma empreitada hercúlea, devido, principalmente, às carências do ensino
básico público. São muitos os problemas debatidos constantemente por
educadores. Eles apontam a precariedade estrutural das instituições e a
vulnerabilidade do trabalho docente. Os professores sentem-se abandonados
pelos governantes, que elaboram políticas educacionais de universalização e
democratização, mas não fornecem as condições elementares para que elas se
materializem em sala de aula.
Os egressos das escolas públicas, que
representam a maioria do alunado do Ensino Médio, passam a representar uma
minoria no que tange ao acesso às universidades federais e estaduais,
em comparação com os oriundos das escolas privadas, que têm melhor preparação
acadêmica. O acesso à Educação, que era universal para todos até o fim do
Ensino Médio, passa ser extremamente seletivo. O que se vê, então, são
faculdades e universidades particulares fazendo inclusão social, ao
possibilitar à população mais carente o acesso e a permanência no Ensino
Superior.
É preciso que os governos promovam
ações que deem qualidade à formação dos alunos. Essas ações passam pela
evolução estrutural das escolas, com currículos mais atuais e pela valorização
dos professores. Ainda assim, no contexto atual, aqueles alunos que conseguem
ingressar em instituições particulares são muito bem-sucedidos, pois estão
vencendo as barreiras da precariedade do ensino no Brasil a fim de atingir seus
ideais. Isso também é sucesso.
Eugênio Cunha é
professor e jornalista
* campos obrigatórios