Teoria e prática

Presumem aqueles que lidam com as questões da escola, que falta ao professor a prática da sala de aula no início de sua carreira docente. Afinal, ele é ainda um iniciante em seu ofício. Mas, diferentemente de outras profissões, onde há reiteradamente treinamentos que capacitam mais adequadamente o indivíduo para o seu trabalho, a formação docente carece de alguns atributos fundamentais. Não somente a prática falta ao professor iniciante, o que é absolutamente natural, mas falta-lhe, essencialmente, a teoria.

Não a teoria que apenas dialoga com a academia, mas aquela que respalda e orienta a prática. Conhecer os estudos de Freire, Freinet, Piaget, Vygotsky e Montessori, que são fundamentos no exercício docente, seria uma obrigação elementar. Entretanto, novas ideias de ensino e aprendizagem surgem em razão das pesquisas da neurociência, bem como das diferentes articulações cognitivas que são elaboradas em razão da interatividade do educando com as tecnologias digitais inteligentes. Já não se aprende mais como antigamente. Decerto, não se deve ensinar como sempre se ensinou.

A questão também faz emergir a necessidade de novas abordagens epistemológicas a respeito da aprendizagem escolar, uma vez que novas perspectivas de aprendizagem, que estimulam diferentemente os sentidos, promovem outras formas de acesso ao conhecimento. Assim, também, diferentes formas de acesso ao conhecimento demandam diferentes articulações cognitivas e proficuidade na maneira de aprender. Se anteriormente já não bastava ao professor o quadro verde e o giz, muito mais agora, em que os educandos, estimulados em seus sentidos, são vistos, em muitos casos, como hiperativos e com deficit de atenção. Apesar dos rótulos que tentam explicar alguns comportamentos comuns à heterogeneidade discente, o aluno não é incapaz de aprender e de ensinar, principalmente ensinar a professores conectados com seu tempo e com as possibilidades do aprendiz.