Uma declaração de amor II





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Uma professora acorda todos os dias às 5 horas da manhã para ir a um hospital tratar de uma grave enfermidade. Depois de horas de exames e tratamento intensivo, ela se dirige à escola onde trabalha numa classe com crianças da educação infantil. Sua rotina é igual a dos demais professores, a exceção das suas constantes dores, cansaço e falta de apetite inerente à doença e aos fortes medicamentos aos quais se submete, e que lhe resultam numa insistente debilidade física. No entanto, em nenhum momento seu ânimo para o trabalho se altera, nem sua relação afetiva com os colegas e as crianças.

Têm dias em que seu estado físico é tão precário que precisa voltar ao hospital. Em uma dessas vezes, após ser atendida, perguntou ao médico se já poderia ir embora.

- Assim que melhorar você vai pra casa.

- Pra casa não, doutor, quero trabalhar.

- O quê?! Claro que não!

- Mas se eu conseguir me levantar, posso ir caminhando até a porta?

- Tudo bem, se você se levantar eu até deixo.

Médico é assim. Além de cuidar do corpo, precisa motivar o espírito do paciente. Pensou que desafiando a moça a se levantar, coisa que não acreditava que ela fosse capaz, ajudaria na sua recuperação.

- Mas seu for até a porta, depois sigo o caminho que quiser…

- Certo.

Depois de alguns segundos de pausada respiração e silêncio, recobrou ânimo e se pôs sentada sobre a cama. O médico suspirou numa tênue aflição, contido que estava de surpresa e alegria, enquanto ela, num novo esforço, procurando não transparecer a sua frágil condição, desceu da cama, dando os primeiros passos em direção à porta…

Este pequeno fato, um bucólico gesto de dedicação ao ofício de ensinar, ao ser humano e à vida, é a qualidade de um amor que não se explica, mas que se experimenta intensamente nos momentos mais inesperados.

Em uma de suas crises, esta mulher não quis ser levada da escola para o hospital, ainda que as dores fossem terríveis. Achou mais aconchegante e confortável estar onde se sentia segura, como se fosse seu lar.

O fato é real, ainda que possa parecer literatura. Ora, o amor dos contos literários é inspirado no cotidiano e, algumas vezes, o cotidiano é tão absorto da condição humana, que o intelecto não alcança sua magnitude, apenas o coração. A vida torna-se trespassada de indeléveis fragmentos do sublime.

Então, percebe-se a afetividade das coisas: a emoção que não se materializa academicamente, que não se cria cientificamente, que não se adiciona matematicamente, mas subtrai-se do interior do ser e soma-se à exterioridade das relações humanas.

 

 





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Eugenio Cunha

27/02/2009 - 14:26:13

Já está convidado!!!




Lucas Richa

27/02/2009 - 12:25:30

fico encantado com as filosofias de Geninho, mas ainda estou esperando ele me convidar para ir em Aperibé, espero que eu possa levar driu!! hauhauhahuahauha