Eugênio Cunha: Valorizar o professor para alfabetizar
Rio - O Dia Mundial da Alfabetização é celebrado hoje. A data foi instituída pela ONU e pela Unesco com o propósito de promover a alfabetização no mundo e despertar a conscientização na comunidade internacional para um compromisso com a Educação. No Brasil, são notórios os problemas estruturais, que repercutem nas políticas educacionais que visam a erradicar o analfabetismo. Porém, é preciso ressaltar o trabalho de quem milita nesse campo tão essencial para o país. São professoras e professores que se empenham e levam para crianças, jovens e adultos possibilidades de formação identitária e inclusão social.
Trazem para o campo da aprendizagem da leitura e da escrita as experiências da vida, pois alfabetizar não é apenas saber decifrar grafemas, mas é acima de tudo saber usar o poder das palavras. Ler sem entender não torna ninguém alfabetizado. A alfabetização deve se associar ao letramento, que é a condição adquirida em consequência da apropriação do uso social da leitura e da escrita. Dessa forma, a aquisição das habilidades acadêmicas passa pela vivência das habilidades sociais, que criam as condições para a formação integral do indivíduo, partindo do pressuposto que a escola educa também para a socialização e para o convívio.
Além disso, ensinar as primeiras letras significa dar sentido ao que se lê. Para tal, é preciso provocar o desejo pela leitura e pela escrita. É preciso descortinar as razões para ler e escrever. O convite para as experiências com a palavra passa pela anuência de quem lê, seja na infância ou na vida adulta. Tornamo-nos leitores quando somos provocados a ir ao texto por uma permanente necessidade. Quando aprendemos a ler, não são as regras gramaticais que nos estimulam, mas as emoções das palavras. É dessa maneira que educadores têm ensinado a leitura e a escrita em nosso país.
O Plano Nacional de Educação propõe elevar a taxa de alfabetização da população e, até 2024, erradicar o analfabetismo absoluto no Brasil. Num contexto de grandes carências educacionais, para alfabetizar com qualidade é preciso bons professores. É necessário também valorizá-los, pois eles dignificam o Dia Mundial da Alfabetização e nos dão razão para celebrá-lo.
Eugênio Cunha é autor do livro "Afeto e aprendizagem"
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